quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Em memória de mim

Não quero choro, nem vela.
Não peço lamentos, mas não os descarto.
Não procuro atenção,
Pois de mim só resta a memória.
Que essa possa ser rebuscada à cada lacrimejar.
Que os momentos que vivemos sirva de consolo,
Para ocupar a ausência por não tê-los.

Não sou um ancião em busca de uma realização.
Sou apenas memórias, e elas? Revivê-las!
Sejam para os lamentos,
Sejam para os sorrisos.
Se elas não vigorarem,
Ao menos compadeça à tentativa de buscá-las,
Pois em vãos momentos, os buscarei.

domingo, 3 de agosto de 2014

Os extremos

Duas pontas de uma linha, duas pontas de uma reta, o início e o fim de uma corda, ou se ainda preferir, os extremos, imagine isso e atentem a ideia de que os extremos apesar de ligados são opostos e, que, entre si existem semelhanças, essas que mantém a relação de ligação entre os opostos. Já deveras ouvir falar que "uma corda arrebenta no lado mais fraco", resta-nos questionar qual semelhança aponta o lado mais fraco, se, numa corda, as características físicas são uniformes?* O que pode dizer-se é o contrário do que se imagina, os lados são semelhantes, como supramencionado, no entanto, se um lado é considerado fraco e ao mesmo tempo apresenta semelhanças onipresentes ao lado oposto, pergunto-lhes, uma característica atípica bastaria para que um dos lados se abstenha à fraqueza? Imaginemos dois extremos, de um lado um indivíduo magro, do outro um gordo e, no meio, um indivíduo fisicamente sarado, bastariam essas características para apontar o lado mais fraco? Ou simplesmente não convém essa comparação pois os extremos não se igualam? Não, não tirariamos conclusões apenas por esses fatores, o que influencia nossa conclusão são os conteúdos, com essas formas estariamos atados a apenas interpretar, se precipitando na conclusão. Faço uso desse modelo para demonstrar o quão podem ser considerada as incontáveis vezes em que rotulamos um indivíduo com o uso de artifícios/características para se sobressair sob ele e obstar nossas escolhas. Um indivíduo não é feito de aparência, mas ele opta por ela, causando um ciclo de aparências sem conteúdo, pois no "rótulo" o que importa é o que se vê, não o que se esconde, e estas são duas pontas de uma linha, de uma reta, o início e o fim de uma corda, ou se ainda preferir, os extremos entre o que se vê e o que se esconde.

*toda regra tem sua exceção.

sábado, 3 de maio de 2014

Berço da ilusão

Já dizia o mestre da experiência, Criolo, através de sua música: "[...] não existe amor em SP (São Paulo)", aos que desacreditam do fato (fato, por ser real), não acreditam por influências culturais ou por uma carga de afeto ao próximo, à família. Mas, na experiência, ou no conhecimento empírico, não das coisas mas das relações, estamos rodeados de questões que deflagram e apontam tal conclusão. Essa não é uma matéria inédita, já discuti com alguns amigos. Quero por em pauta, uma realidade pouco salientada, se é que me entendem, que nenhum autor na área da literatura atual, tem posto em pauta (que eu tenha tomado conhecimento). As relações interpessoais tornaram-se a busca pelo preenchimento do afeto materno desvinculado com o nascimento do nascituro, sim, materno pois desde o concebimento do feto, já cria-se um vínculo maternal com o filho. Assim, podemos orquestrar uma linha de pensamento: se nascemos, nascemos por algum motivo (ou não), se fomos concebidos ao desejo carnal, porque haveria de obtermos um sentimento? Questão essa que pode ser respondida com uma palavra só: convivência. A convivência cria linhas de conexão entre as pessoas, seria imaturidade questionar isso, mas incompleta se não perguntássemos se há convivência prazerosa sem sentimento? A lógica seria dizer não, mas sim, existe a convivência sem sentimento. Fazer-se-ão alguns apontamentos: o ser humano, na sua concepção vida, cabe, a ele, e a mais ninguém, se encontrar diante do que é disponível: viver por um sonho, viver por viver e/ou viver para não morrer. Este último, que deflagra o "berço da ilusão", e que tem tomado conta dos animais irracionais, são os indivíduos que não fazem parte de uma concepção de vida, não materialmente, mas formalmente falando. Ninguém vive simplesmente para satisfazer a vontade do outro, mas sim pra defender ou realizar seus interesses em vida, o que desencadeia uma senda de conflitos. Conflitos que são realizados sem a sabedoria que cada um obtém, ou deveria obter, com a experiência, sabedoria citada anteriormente como irracionalidade. Só com a piedade seria desconfigurado todo esse quadro de relações irracionais presente na personalidade dos agentes. A relação entre amor e ódio é a de que o ódio vem primeiro que a indiferença, nas pessoas irracionais. Nas racionais, só existe a indiferença. Fazer-se-ão suas conclusões. Ninguém vive para se submeter ao outro, mas alguém tem que se sacrificar pelo próximo, São Paulo é apenas um exemplo concreto disto, é o berço dos que querem se sobressair para o mundo da minoria. Assumo minha sobrevivência, mas saio ferido, pois foi preciso fazer parte deles para enxergar meu apontamento e ter coesão fatual.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Quem lhes escreve...

Não faz muito tempo que venho tentando criar uma nova forma de me expressar, mas como (?), se esse meu dom nem faz parte de mim, mas sim um heterônimo, daqueles iguais aos de Fernando Pessoa, onde não sou eu que escolho o que por no "papel", mas um inconsciente inefável. Não me arrependo de tê-lo definido com substantivo e verbo. Talvez ele só faça parte de uma missão, a missão de escrever para alguém, que nesta vida vê tudo sem vaidade, fazendo dela um vazio. Assumo que não busquei entender porque ele faz parte de mim, porque isso só atrapalharia minhas TENTATIVAS de se obter maior precisão e atenção no que quero expressar. As minhas tentativas despertam marcas do passado, não longínquas. Deparo-me com esse branco sem saber o que quer me dizer, daí surge ele, sem avisar, sem pedir permissão, me confundindo a mente, o heterônimo, talvez não meu, apenas frequente, pois ele vem, mas vai, sem avisar. Cada tempo esses pensamentos se distinguem, diferentemente, florindo, amadurecendo e com ele vou aprendendo, amadurecendo consigo. Como eu conheço, você também o conhece, ele, o Equilíbrio Necessário, esse é meu heterônimo, sem mais definições, pois ele pode não estar aqui.
 

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